Blindtext auf Portugiesisch

Der kreative Blindtext scheint eine deutsche Marotte zu sein, im Internet lassen sich die verschiedensten Beispiele dafür finden.
Im Brasilianischen gibt es den Blindtext so nicht, die Brasilianer haben dafür den Nononono:


Nononono Nononono
Nononoo nonoon onoononon ononnon onon n ononono nononon nonon nono nononono non nonon nononoo nonono onon nonono nonon ono oononon oonono ononon onono o onono nononono nonon onoon onono. Nonon nonono no nonono no nononono non nonono nono nonoo non no noonono o onono nonono no nonono no nononono non nonono nono nonoo non no noonono o onono.

Nononoo nonoon onoononon ononnon onon n ononono nononon nonon nono nononono non nonon nononoo nonono onon nonono nonon ono oononon oonono ononon onono o onono nononono nonon onoon onono. Nonon nonono no nonono no nononono non nonono nono nonoo non no noonono o onono nonono no nonono no nononono non nonono nono nonoo non no noonono o onono.

Nononoo nonoon onoononon ononnon onon n ononono nononon nonon nono nononono non nonon nononoo nonono onon nonono nonon ono oononon oonono ononon onono o onono nononono nonon onoon onono.


Ist doch aber irgendwie langweilig, oder?
Dann doch lieber so:

Pediram-me que escrevesse um “Blindtext”.
Em português seria algo como o texto para cegos ou texto cego. No Brasil também chamado de Nononono (eu sempre me pergunto se tanta energia negativa não acaba influenciando o cliente). É aquele que vai nos layouts simulando o texto final. Ou seja, não é para ser lido. Serve apenas como decoração, não vale nada, muito menos o que está escrito. Bom, então vale tudo: errar, escrever palavrões (cu, ah, ah), bobagens, falar mal de quem você quer, sacanagens, usar várias vezes a letra zzzzzzz, contar piadas como aquela: uma índia norte-americana que engravida durante uma temporada num college e, depois de comunicar ao pai-cacique, volta para a tribo. Ao cumprimentar o pai, diz: “How”, ao que o pai replica: “How I know, I want to know who”, falar bem de mim mesmo (que cara legal!); enfim, ninguém vai ler este texto mesmo, muito menos em português. Bom, agora imagine se no meio de uma aprensentação, digamos de uma campanha da Mercedes (ou da Lada) em Hamburgo (ou em Bogotá), alguém na reunião, por acaso, fale essa língua que ninguém fala. Parta do princípio que esse alguém está olhando esse layout que decoro, olha para foto, e tomara que o diretor de arte não escolha uma foto tão boa, assim esse cara vai reclamar e vai pegar esse anúncio para ver de perto. E vai ver o que em primeiro lugar? Aquele cu que coloquci lá em cima. Todo mundo vê um cu no meio de um texto, não dá para passar por cima. Bom, se ele for brasileiro, vai rir muito e perguntar que cu é esse no anúncio dele, quem foi o sacana que fez isso. Rir-se-á muito (gostaram? Tanto faz se está certo ou não, todo Blindtext que se preza devc ter um monte de hífens.) e o anúncio será aprovado apesar daquela foto de merda. Mas se o infeliz for português? Corremos o risco do cara não entender a piada (“que piada nada, é só uma simulação de texto, esse cu não vale nada, é um cu virtuale”, argumenta a agência.). Irredutível, ele vai recusar essc anúncio porque o texto é escatológico. Mas se o anúncio for recusado por causa do texto, logo este texto que não valia nada poderá valer alguma coisa, poderá ser o diferencial que definirá o successo ou fracasso de uma campanha, uma concorrência, milhões e milhões de dólares, marcos, pesetas, Cabeças rolarão por causa de um cuzinho no meio de um layout. A teoria do caos na propaganda. E se uma bobagem dessa pode causar uma catástrofe, ela deixa de ser uma bobagem. Sendo assim, a partir desse ponto este texto passa a ter um cunho mais sério, os conceitos aqui apresentados serão de vital importância, pois estes, uma vez assimilados, contribuirão de forma decisiva e determinante para o sucesso de vendas do produto para o qual este anúncio foi produzido. Portanto, caro anunciante, no caso de estar fixando seus olhos em mim, preste bem atenção: confira o meu tamanho. Se estiver num corpo menor que 9, reclame. Não é possível a compreensão da mensagem quando o consumidor está com os olhos quase cerrados na tentativa de ler. Outra coisa que você deve levar em conta é se o copy está em itálico ou em caixa alta. Não deixe, é incômodo ao leitor. Agora vamos ao layout: infelizmente daqui de dentro não dá para avaliá-lo, mas posso ajudar assim mesmo. Se o título do anúncio for muito bom e o visual servir apenas como suporte, este não deverá ser paqueno e sim enorme, em letras garrafais. Se for ao contrário, deixe a imagem contar a história. Enfim, algum elemento deve mandar no anúncio (além de você que está pagando, é lógico), seja ele a foto, o texto (se for esse aqui, mais tempo passaremos juntos), a tipografia, o produto. Se tudo tiver o mesmo peso ficará chato. Agora a foto: está boa? Está impactante ou apenas parece que fugju de uma daquelas páginas da Vogue? Se ela é “Trendy”, ou vendida a você como tal, desconfie. Ela será déjà vu, passé (linguagem Vogue), enfim requentada. A Wired, a The Face da Cibernética, também já virou clichê. Assim como as campanhas de Guess, Calvin Klein ou Armani são completamente intercambiáveis. Bom, cheque essas coisas todas, mas seja justo com eles, devem ter virado a noite trabalhando, estão agora olhando para você ansiosos com seus egos sonolentos, esperando que você diga sim a este anúncio que poderá ser o marco da virada de suas vidas e não apenas mais um na revista. E para terminar, gostaria de dizer, com todo respeito, apenas mais uma palavrinha que está presa na minha garganta a pelo menos dois parágrafos: cu.